Sindpese Entrevista: Carlos Bispo, do @seupostodegasolina
Se no âmbito nacional, o país agora tem um novo governo e um novo modelo de política tributária, no plano internacional nossa economia continua sofrendo muitas oscilações, sobretudo no que diz respeito ao mercado internacional dos combustíveis, com oscilações no câmbio do dólar, no preço do barril do petróleo e, sobretudo, devido aos conflitos internacionais envolvendo nações que são grandes produtoras de petróleo ou que controlam territórios marítimos que compreendem as rotas de importação e exportação.
Com tanta coisa significativa acontecendo, é preciso que a revenda esteja atenta às reações do mercado, aos fatores geopolíticos e, principalmente, ao modelo de gestão a ser adotado em seu negócio. Para falar de todas essas questões, a Assessoria de Comunicação (Ascom) do Sindpese bateu um papo com Carlos Bispo, empresário do ramo da revenda de combustíveis.
Além de empreendedor do ramo, Bispo também possui um perfil no instagram, o @seupostodegasolina, onde dá dicas financeiras e de gestão aplicadas à revenda de combustíveis, além de oferecer cursos; dar treinamentos e prestar os serviços de mentoria e consultoria para empresários donos de postos de gasolina.
Entrevista:
Ascom Sindpese: O que a revenda deve esperar do mercado de combustíveis no Brasil para 2024?
Carlos Bispo: Assim como o mundo como um todo ainda não plugou a retomada na economia, no consumo e na produção mundial pós-evento pandemia, o Brasil acompanha essa expectativa de pouco crescimento.
E especificamente no setor de combustível e energia, os efeitos guerras, redução da oferta do petróleo no mundo e mudanças na politica da Petrobras quanto ao Preço de Paridade de Importação (PPI), o setor de combustíveis no Brasil foi fortemente impactado.
É certo e visível que nosso setor ainda vem tentando se adaptar e entender qual rumo que todos esse efeitos ainda pode espirrar para 2024, dificultando previsões inclusive sobre investimentos e avaliação de novos negócios no setor.
Sindpese: Há previsão de mais mudanças na política de preços, tributação etc? Como você avalia que foram as essas mudanças no ano que passou?
Bispo: Tivemos junto com a mudança de governo, a mudança na PPI, o que na minha opinião impactou o dia a dia da gestão do posto, onde antes o revendedor tinha maior provisibilidade e conseguia planejar melhor a logistica e Gestão dos Estoques de Combustíveis para sua revenda e agora se vê em apostas sobre quando o combustível terá reajuste ou não.
Quanto a tributção, ainda temos uma incerteza sobre o jogo dos tributos, onde estados já dão sinais de projetar os efeitos do ICMS com a vinda do IVA (Imposto Sobre Valor Agregado), o que poderá onerar ainda mais a carga tributária na cadeia do combustível, caso não se encaixe nos setores de prioridade e incentivos diretos.
Sindpese: Enfim, como você acha que os preços dos combustíveis irão se comportar ao longo do ano? E como o dono de posto deve se preparar?
Bispo: Salvo evento extraordinário no cenário mundial, seja economico ou com impacto direto no petróleo, acredito que iremos conseguir estabilizar os preços dos combustíveis, o que para a gestão do posto poderá ajudar na previsibilidade de caixa e capital de giro.
Acredito ainda que a eletromobilidade terá um leve aumento de representatividade surfando a onda dos efeitos colaterais da oferta e demanda de combustível.
E como sempre, a revenda de combustível não terá vida fácil aguardando as definições e os desafios serão grandes para o empresário do posto.
Minha recomendação para os empresários da revenda é manter o foco na gestão, cuidar do caixa e repensar investimentos.
Sindpese: Qual a tendência do petróleo para este ano? Deve se manter em queda?
Bispo: Ao final de 2023 o Petróleo deu sinais que reduções estão por vir, além da possibilidade do recebimentos do petróleo vindo da Russia. E por fim, existe uma previsão de mercado em que a produção global do petróleo deve crescer em 3% em 2024, o que poderá aumentar a oferta e com isso manter a paridade de preços.
Sindpese: Quais serão os principais desafios para o revendedor? Em que ele deve focar para manter a saúde financeira dos negócios? É o momento de poupar ou investir?
Bispo: São três perguntas em uma, então, vamos lá. Começando pela terceira pergunta, eu acredito que 2024 será o ano para o revendedor se fortalecer em capital de giro, liquidar os resquicios de endividamento de anos anteriores, o que vem na minha opinião, na recomendação de apenas investir certo do retorno ou alavancado por capital com baixo custo financeiro.
Quanto às duas questões iniciais desta pergunta, acredito posso unir em uma única opinião de resposta, pois o maior desafio do revendedor em 2024 será exatamente focar na saúde financeira do negócio, estabelecendo reservas de capital, ajustes dos seus custos e encontrar criatividade nas estratégias para aumentar o volume de vendas, aumentando também o ticket médio do negócio, agregando produtos na pista e na loja de conveniências.
Sindpese: Como o revendedor deve se planejar para este ano? (“lições de casa”)
Bispo: O revendor precisa criar a cultura de ter sempre o plano A e B na sua operação, podendo projetar um cenário otimista e outro pessimista. Como mencionei duranta essa entrevista, o setor passa por incertezas e algo que esteja sendo favorável para o revendedor, especialmente Margem e Preço de Reposição baixo, pode mudar de uma hora para outra e exigir uma resposta rápida por parte do empresário, seja no aporte financeiro ou na previsão das vendas.
Portanto, o revendedor deve investir em gestão e aprendizado, único caminho que o prepara para lidar com crises e mudanças agressivas que é rapidamente respingada em nosso setor.
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